Trilha do Quilombo da Caçandoca

Publicado: março 12, 2012 em Aventuras, Fim de semana
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Esse post, na verdade, já é de mais de um mês atrás… Foi logo na semana que eu comecei a escrever nesse blog que rolou a viagem para Caraguá onde eu tive a imensa sorte de conhecer a Trilha do Quilombo da Caçandoca. Daí, outras coisas aconteceram e acabou que o texto ficou guardado. Quando voltei a ler achei que já não tava legal e comecei tudo de novo.

Esse tudo começou com a Rê me dizendo que precisava ir para Caraguatatuba no final de semana para uma visita técnica de trabalho no local de um evento. Como eu já disse em um post anterior, qualquer viagem pode virar um pedal, e essa não seria diferente. Enquanto a Rê fazia a tal visita técnica eu poderia aproveitar para um pedal ao nível do mar. Bem que eu procurei trilhas no Garmin Connect, no Wikiloc, e não achei nenhuminha. Pensei : “…na hora eu vejo, posso perguntar para alguém…”

Saímos de SP no sábado, dia 11 de fevereiro, lá pelas sete da manhã de um dia chuvoso, totalmente “errado” para ir para o litoral, por assim dizer, já que praia combina com sol. Mas essa chuva seria fator crucial para mim em dois momentos da aventura que rolou naquele dia. Uma vez para o bem, outra para o mal.

Chegamos na Tabatinga por volta de 11 horas, com uma chuvinha insistente que caiu a viagem inteira, e fomos para a Pousada Port Louis, onde a Rê tinha feito reservas por telefone. Pousada super simpática, por sinal, bem pensada e super confortável, show de bola !

Pousada com cara de hotel ! Pena que não estava esse sol todo da foto… É que eu a peguei emprestada do site da pousada… Por falar nisso : http://www.portlouis.com.br/

Deixamos as malas e, na portaria, pronto para sair pedalando, eu ainda não sabia para onde ia… Resolvi perguntar para o atendente da recepção, que me indicou uma trilha que ele tinha feito a pé,mas  “achava que dava para fazer de bike…” Isso despertou o instinto da aventura e fiquei imediatamente decidido a fazer a tal trilha. Ainda mais quando o Rogério começou a discorrer sobre a história da região, sobre o fato de ali ter sido um dos primeiros quilombos brasileiros, dos negros que fugiam das fazendas ali perto… Uau ! Pronto, fisgado total !… Ele me explicou mais ou menos o caminho e lá fui eu…

O trecho inicial pelo asfalto da BR-101 passa pela divisa dos municípios de Caraguatatuba e Ubatuba e  logo em seguida entra por uma estrada de terra em direção à praia da Caçandoca, onde começa a trilha. Esse trecho já achei bem legal, com a mata nativa preservada no entorno da estrada, pelo menos depois da entrada do condomínio e do mosteiro. A visão do mar, para mim que não estou acostumado a pedalar no litoral, já foi um atrativo e tanto. Passei por uma peixaria chamada “Tião Romão” o que me chamou a atenção e me fez lembrar do meu querido avô (já falecido) Sebastião Vieira Romão. Igualinho !… Saudades do Vô Bastião…!  Olha a foto :

Tenho certeza que se essa peixaria fosse do meu avô ele mandaria fazer uma placa melhorzinha…

Até que cheguei na Praia da Caçandoca, bem bonita, com alguns poucos turistas de fim de semana chuvoso.

Escuro e chuvoso, mas garanto que estava um calor e um mormaço, e foi aí a primeira vez que pensei no fator chuva para o bem, já que se estivesse sol eu teria “cozinhado”… Depois de um rápido banho de mar, que ninguém é de ferro (ainda bem , senão enferrujava com tanta água), fui procurar a trilha, que não parecia visível. Depois de perguntar para um nativo eu entendi o porquê dessa invisibilidade : a trilha para a próxima praia, a Caçandoquinha, começa nas pedras, no fim da praia. Eu tive que carregar a bike nessa subida de pedra, bem íngreme e um pouco escorregadia.

O início da trilha é no canto esquerdo da foto, nessas pedras ! Depois de carregar a bike vem a recompensa, um singletrack dos sonhos :

Digo dos sonhos porque olha a vista que eu tinha enquanto pedalava por ele :

Até então eu achava que seria uma trilha fácil de seguir, e foi aí que eu dancei legal… A partir da Praia da Caçandoquinha eu protagonizei uma comédia de erros que, no final, me fez não terminar essa trilha e não conhecer as praias que viriam : praia do Simão, saco da Banana, e outras. O primeiro erro foi na saída da Caçandoquinha, eu peguei o caminho errado e fui sair numa ponta, onde encontrei um pescador, que me avisou do erro. Voltei. Mas valeu a pena, pois essa ponta era bem bonita.

Lá tinha uma pedra que parecia a janela da casa dos Flintstones…

Na Caçandoquinha achei a pinguela que o pescador tinha falado e me animei de novo, mas por pouco tempo. Depois de subir muito e descer muito, subir e descer de novo, por uma trilha linda em meio a mata atlântica nativa preservada, entremeada por bananeiras, goiabeiras e jaqueiras, apareceu uma encruzilhada. Nessa até que dava para acertar, porque andei um pouco para a direita e cheguei a uma casa. Aliás, aqui deu pra perceber um resquício da época que ali era um quilombo, o fato de que as casas são bem escondidas no meio da vegetação, talvez para melhor escondê-las de perseguidores… Voltei e peguei a da esquerda.

Na próxima encruzilhada eu pensei : “- o raciocínio deve ser o mesmo já que essa trilha margeia o litoral, à direita deve ser outra casa, o certo deve ser à esquerda de novo…”  Andei uns 800 m e cheguei em outra ponta, com uma casa e duas menininhas brincando na porta, que me disseram, com as vozes bem agudas :  “- Você errou !!!” Eu disse que era uma comédia de erros… Ok, voltei mais uma vez. Subindo. Muito.

Já no caminho certo, mas com a hora avançando, cheguei num trecho de subida com muuuuitas pedras, impedalável, e depois de vários trechos empurrando a bike eu confesso que já estava cansado. Comecei a repensar o percurso. Minha idéia inicial era fazer a volta completa e sair na praia da Tabatinga novamente, fechando o círculo. Porém, já eram 16 h, eu não conhecia o caminho, fiquei com medo de errar nas próximas encruzilhadas, resolvi voltar…

Foi aí que o fator chuva mostrou seu lado mau : nas descidas monsters, cheias de pedras e com o caminho todo em singletrack, teve uma hora que eu quase caí. As duas rodas patinaram, escorregaram, eu comecei a ganhar velocidade, foi aí que eu pensei, tô lascado !… A minha sorte foi que apareceu um trecho cheio de folhas, deu uma certa aderência, eu consegui diminuir a velocidade e retomei o controle da bike. Ufa !!! Por pouco.

Ainda teve mais uma emoçãozinha no final, quando estava chegando na Caçandoca, a maré tinha subido… A passagem pela praia estava com água na cintura ! Mais uma vez tive sorte, e tinha um cara que me ajudou com a bike na descida da pedra… Ufa, de novo !!

Daí em diante foi tranquilo até a pousada, onde eu e a Rê tomamos um bom banho de piscina, apreciando uma cervejinha  e uma porção de lulas a dorê !! Bela recompensa depois de tudo !!

No dia seguinte acordamos cedo e após o café-da-manhã fui com a Rê em mais uma visita técnica, em seguida voltamos para São Paulo. Super final de semana !

A trilha ficou com aquele gostinho de inconclusa, o que por um lado é bom, instiga a voltar para completar.

Depois que cheguei em casa fui dar uma pesquisada sobre o Quilombo da Caçandoca, já que aguçou a curiosidade. Pedal também é Cultura, História e Informação !! Olha só os links do que eu achei sobre o assunto :

http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/sp/litoral_norte/cacandoca/cacandoca_intro.html

http://pt.wikipedia.org/wiki/Quilombo_Ca%C3%A7andoca

http://www.maranduba.com.br/praiadacacandoca.htm

Para o mapa com as voltas erradas que eu dei, altimetria, distância, e outros dados sobre o percurso, veja :

http://connect.garmin.com/activity/149219410

comentários
  1. juninho disse:

    Que show brow…to indo nesse feriado pra tok tok pequeno…acho que vou colar lá nessa trilha

  2. vladimir disse:

    atualize seu blog peixaria tiao romao

    • lubassman disse:

      Oi Vladimir, tudo bem ? Atualizar o blog ? Como ? Mudou a placa da peixaria ? Se sim, me manda a foto que eu publico…. Desculpe a brincadeira com a placa !!…. Meu avô se chamava Tião Romão e era muito gozador e brincalhão, entrei no espírito dele…. Obrigado pelo comentário, Abraço !

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