Quarto dia : Botelhos a Poços
Antes de chegar em Botelhos eu liguei para a “base”, a “central”, minha mãe. Liguei para saber onde poderia dormir, já que lá em Botelhos a “oferta de pouso” é grande… Além da Tia Donana, minha tia avó de 94 anos, espertíssima, ainda tem a Tia Inês, outra tia avó, mais o Tio Vado (Osvaldo), o irmão do meu avô Romeu, mais ainda a madrinha da minha mãe, filha da tia Donana, a Edite. São tantos que eu até me esqueci da Tia Inês, foi a única que não fui visitar…. Falha minha, maior ainda porque ela foi a única tia avó que foi no meu casamento com a Rê… Enfim, espero que ela me perdoe…
Continuando, cheguei em Botelhos e fui direto para a casa da Tia Donana, que foi a instrução da minha mãe : ” – Vai lá primeiro, aí você decide o que fazer !” Lá estavam a Madrinha Edite, a Tatá (minha prima, uma das poucas de que me lembro da época de infância, acho que é porque ela tocava violão…), e depois de um bom banho e um café, já que eu estava ali mesmo, decidi ficar. A madrinha Edite concordou, desde que eu jantasse na casa dela. Ok, tô dentro, tá topado. A Tatá ainda gentilmente ofereceu a máquina de lavar, que eu aceitei na hora….Ela também agillizou uma cerveja e uma entrevista para o jornal depois do jantar no bar local, e assim arranjado fui dar um trato na bike, que já tinha pedalado três dias e 165 Km. Só me esqueci de remendar a câmara de ar que agora era a reserva, esquecimento do qual eu me arrependeria depois…
Depois de muito papo com a Tatá (e ela que achava que não teria o que conversar comigo !…) chegou a hora do jantar, fomos para a casa da madrinha Edite. Esse foi um momento mágico da viagem, pois foi o encontro com vários primos e primas, de idades variadas, num lugar muito agradável, cheio de boas energias, e também foi uma hora que a saudade da Rê bateu forte. Ainda mais por causa do prato principal, que a Rê adora, que foi de canjiquinha com costelinha… A canjiquinha de milho com a costelinha de porco fazem uma dupla realmente marcante. Isso tudo mais uma salada colorida do jeito que a minha mãe costuma fazer, com os legumes variados cortados e cozidos só com um pouco de sal… E ainda tinha arroz e feijão… Magnífico ! Pena que eu não tirei fotos de nada disso… Aliás, essa etapa da viagem é a mais pobre em fotos porque foi a mais rica em pessoas. Não sei o que acontece, eu me esqueço, acho que me empolgo com a conversa, que aliás estava bem boa. Preciso criar o hábito de tirar fotos nesses momentos… Na próxima viagem vou me lembrar disso !
Depois fomos ao bar local para umas cervejas, onde encontramos alguns amigos e amigas da Tatá e ficamos algumas horas agradáveis de papo, enquanto rolava na TV o jogo Brasil x Estados Unidos. Um amistoso da seleção. De repente fui ficando com sono, pedi licença e fui para a casa da Tia, e qual não foi a minha surpresa ao me deparar com ela e a Nenê (outra prima) assistindo o jogo acordadíssimas, até aquela hora (23:30). As cervejas foram um sonífero poderoso, e fui dormir antes delas, antes do jogo acabar.
No dia seguinte, acordei às 06:30, e mais uma vez dei de cara com a Tia Donana, de pé às sete horas, êita tia esperta, e ainda me falou que eu acordei muito cedo !! Depois de um café da manhã com ela, levantei acampamento e fui para a casa do Tio Vado e da Tia Dorothy, para o segundo café da manhã. E ainda faltou visitar a tia Inês…
Saí de Botelhos umas 8:00, já mudando os planos originais, que eram de ir para Palmeiral. Porém, por causa do atraso do primeiro dia resolvi seguir para Poços de Caldas, minha terra natal. Aqui a primeira foto desse post, uma árvore “braçuda”… Olha se os galhos não parecem braços :
Nesse ponto estava indo em direção à ponte do Rio Pardo, conhecida na região como a ponte “do João Nery”. Já conseguia avistar a serra de Poços instigando ao desafio de vencê-la…!
E cafezais…. Nunca vi tantos cafezais como nessa viagem… Cheguei na ponte.
Ponte sobre o Rio Pardo.
Ao planejar essa parte da viagem eu quis chegar em Poços pelo alto do Cristo, mesmo que isso significasse subir mais. Mas ao chegar aos pés da serra e ver o tamanho da encrenca eu confesso que quase desisti…
Acabei seguindo em frente e não me arrependi. A vista lá de cima foi uma das mais lindas de toda a viagem !
Até que cheguei no topo, com as bênçãos do Cristo…
Lá do alto, a cidade que não para de crescer…
Desci para a cidade pelo bairro Jardim dos Estados, passando pelo prédio onde moramos na rua Laguna, 30, segui descendo pela rua Araguaia, virei na rua Marília e chorei ao passar pelo número 236, de saudade dos meus avós queridos que já se foram, Sebastião e Iolanda.
A partir desse ponto foi uma descida só até a cidade, onde passei numa padaria e mandei um lanche, porque rolou uma fome… Fui procurar uma bike shop, já que depois da descida do Cristo pressenti que as pastilhas de freio pudessem acabar. Comprei um jogo de pastilhas, o único que eles tinham, e nem era da marca que eu costumo usar, mas tudo bem.
Para chegar na casa da minha vó Rita, meu ponto final do dia, ainda faltava uma subida, a da Igreja N.S. da Fátima, e uma outra, já que o bairro da Vó é um pouco mais alto do que a igreja…
A recompensa do dia foi ver o sorriso no rosto da minha querida Vovó Rita ao me receber. Mais gratificante ainda por ter chegado ali de bike, pelas próprias pernas !
O total do dia foi de 45 Km com 1500 m de subida acumulada. Mais detalhes : http://connect.garmin.com/activity/185285672
Continua…